A natureza biológica da mente

As descobertas das neurociências que conheceram um enorme desenvolvimento no fim do século XX e no início do nosso século, vieram trazer um novo interesse sobre o corpo e a sua relação com a mente. A atenção centrou-se sobretudo no cérebro, procurando-se estudar a forma como diferentes áreas cerebrais se relacionam com diferentes tipos de informação e de que modo as alterações mentais se processam. O cérebro é encarado como o núcleo processador da mente, uma peça essencial do hardware e, como tal, a sua arquitectura e funcionamento teriam de ser estudados.

Depois de uma primeira fase em que se valorizou a especialização, compreendeu-se que o cérebro apresenta um funcionamento global, sistémico. Os estudos sobre o funcionamento do cérebro reforçam a concepção em que sobressai o aspecto activo, transformador e total do funcionamento da mente. E neste funcionamento está implicado o corpo na sua totalidade com características próprias relacionadas com a pertença à nossa espécie enquanto seres humanos. Citando Edgar Morin: “Não há, portanto, traços humanos que não tenham uma fonte biológica”.