Transcrição da entrevista conjunta

Inês Sousa – Então vamos dar início à entrevista, em primeiro lugar, queríamos agradecer-vos pela vossa disponibilidade, em estarem aqui e agora se calhar começávamos as apresentações visto que nem todos são vossos alunos.

Prof. António Sousa – É verdade.

Ana Meirinhos – Então eu sou a Ana Meirinhos, ela é a Inês Sousa, Joana Gregório, o Tomás Gonçalves e a Soraia Carvalho. Somos todos do 12º B da área de Ciências e Tecnologias e estamos a realizar esta entrevista conjunta no âmbito da Área de Projecto de Biologia, o nosso tema é sobre o cérebro e a mente e tem como questão central: “Até que ponto, a mente humana é resultado das nossas vivências ou da influência do nosso cérebro?”. Este tema engloba tanto a área de Biologia como a área de Psicologia, por isso é que tivemos a ideia de juntar os professores de psicologia e biologia, também foi uma ideia que o nosso professor de Psicologia, António Sousa, nos deu, por isso agradecemos-lhe.

Prof. António Sousa – (risos)

Ana Meirinhos – E queríamos juntar os conhecimentos das várias áreas para obter respostas mais enriquecedoras para o nosso trabalho.



Joana Gregório – Das pesquisas já realizadas, percebemos que o cérebro é o órgão mais importante do ser humano. Concordam?

Prof. Vítor Oliveira – O cérebro consideramos todos, acho eu, que é o órgão mais importante, porque é aquele que regula e que coordena as actividades do corpo.

Prof. Ana Santos – E mesmo para os médicos é o mais importante, porque em situação limite só se considera que se perdeu a batalha com a vida quando ocorre a morte cerebral. É a última instância possível dos médicos. É a fronteira, uma pessoa pode já não ter grandes funcionalidades do organismo, mas se ainda houver vestígios de actividade cerebral eles podem continuar ligados.

Prof. Vítor Oliveira – Aliás, é verdade que nós costumamos dizer que o organismo é controlado pela acção do sistema nervoso e pela acção do sistema hormonal, mas se formos a ver bem o sistema hormonal também funciona com base naquilo que o sistema nervoso manda.

Prof. Ana Santos – Mas, eu. Diz, diz…

Prof. Vítor Oliveira – Portanto o sistema nervoso central é que realmente coordena o resto do corpo.

Prof. Ana Santos – Mas, eu se calhar não acho que seja o órgão mais importante.

Prof. António Sousa – O cérebro?

Prof. Ana Santos – Sim.

Prof. António Sousa – Então qual é?

Prof. Ana Santos – Não há. Depende do que estamos a falar.

Prof. António Sousa – Depende daquilo que se considera classificar como importante ou não.

Prof. Ana Santos – Porque, por exemplo se eu pensar em padrões de qualidade de vida…

Prof. Vítor Oliveira – Sim, se o cérebro estiver a funcionar, mas o resto não…

Prof. Ana Santos – Mas o resto não, então não é importante. Estão a perceber? Se falarmos biologicamente é, mas se depois falarmos no contexto da vida humana, já não sei se será.

Prof. António Sousa – De qualquer forma, eu considero o mais importante em qualquer contexto, em qualquer situação, porque ele é a peça constante em nós, porque sem ele nós não somos nada, podemos estar falidos a outros níveis…

Prof. Ana Santos – Mas, podemos não ter consciência, também …

Prof. António Sousa - Mas não tendo consciência de certeza que toda a actividade cerebral está falida.

Prof. Ana Santos – Mas podemos estar vivos sem consciência.

Prof. António Sousa – Certo, mas, porque de alguma forma o cérebro faliu num certo sentido.

Prof. Vítor Oliveira – Olha que não há certeza se podemos estar vivos sem consciência. Pelo menos na generalidade das pessoas que passam por essa situação e que depois voltam conscientes para contar, dizem que ficaram sem consciência, ou pelo menos não se recordam de terem consciência. Mas há casos em que há relatos de que as pessoas estavam conscientes.

Prof. Ana Santos – Pois, acho que também não temos a noção de quando se perde a consciência.

Prof. Vítor Oliveira – Sim, até pode ser que nós percamos a memória dessa consciência, mas tenhamos tido outra consciência durante aquele período todo, estados de coma, por exemplo, não é?

Prof. António Sousa – Sim, estás a falar dos EQM, que são as experiências de quase morte.

Prof. Ana Santos – É.

Prof. Vítor Oliveira – Sim e de coma prolongado…

Prof. Ana Santos – Não, mas eu estava a atirar uma acha para a fogueira, porque (risos) estava a fazer de advogada do diabo, porque ele comanda tem que…

Prof. António Sousa – Não, é verdade. Acho que é uma evidência, não é, é uma evidência que o cérebro é de facto o órgão dos órgãos, porque a maior parte das pessoas até desconhece que ele é a sede também das emoções, não apenas de aspectos cognitivos, intelectuais. Quando nós associamos o coração ao amor e não sei o quê foi a história que assim consagrou, podias te ter lembrado do rim ou do fígado…

Prof. Ana Santos – Porque é bonito.

Prof. António Sousa - Não é? É bonito, se nós o virmos bem, não é muito bonito…

Prof. Ana Santos – Pois, não, não é nada bonito.

Prof. António Sousa – Desenhado pelos nossos filhos é que já é bonito, …

Prof. Ana Santos – É uma configuração diferente…

Prof. António Sousa - Porque basta que o nosso cérebro também falhe num certo sentido, nós perdemos também as nossas emoções. Portanto, é lá que nós nos apaixonamos, que nós nos enamoramos…

Prof. Ana Santos – O coração deve ser, porque bate mais depressa e…

Prof. António Sousa – O coração foi associado às emoções, porquê? Porque tu quando vives uma emoção mais forte, o coração dá-te a conhecer isso. Portanto é um sinal fisiológico que o corpo nos dá de que algo se passa connosco.

Prof. Vítor Oliveira – De início era isso que se pensava.

Prof. António Sousa – Os egípcios quando mumificavam lá as suas figuras importantes, não é, eles retiravam-lhes o cérebro pelo nariz, porque consideravam de facto que ele era constituído por terra e não sei o quê, não davam qualquer importância. Mas, hoje isto que parece uma banalidade, noutros tempos de facto não era assim. Portanto, é de facto um órgão muito importante.

Inês Sousa – Então, vamos passar à próxima pergunta: “Qual ou quais as partes e zonas do cérebro que consideram mais importantes? E justificada a resposta. Se possível. (risos)

Prof. António Sousa – Eu acho que aqui é capaz de haver uma certa subjectividade, não é? Se considerarmos que as emoções é que nos dão a verdadeira vontade de viver…

Prof. Vítor Oliveira – Bem, agora em termos de partes do cérebro ou zonas do cérebro, não sei o que é que podemos considerar. O cérebro inicialmente podemos dividi-lo em duas partes, o córtex e a parte central, ou seja, a massa cinzenta, não é, e a massa branca, como normalmente chamam. Se formos a ver dessas duas partes, a parte mais importante é, acho que é a parte cinzenta. Aliás costuma-se dizer que …

Prof. Ana Santos – Se calhar falavam antes nas divisões…

Prof. António Sousa – Se calhar falavam mais nos hemisférios, talvez, esquerdo, direito, nos lobos, não é?

Prof. Ana Santos – Pois.

Ana Meirinhos – Se calhar podíamos passar já à próxima pergunta que é relacionada com esta.

Soraia Carvalho – Sim. “Sabem por quantas partes é constituído o cérebro? E quais as funções que cada uma delas desempenha?”

Prof. António Sousa – Depois há várias classificações, também.

Prof. Ana Santos – Pois, há os quatro lobos, há os dois hemisférios, como é que vocês …

Prof. António Sousa – Também há o cérebro racional e o cérebro emocional

Prof. Ana Santos – Isto também aqui também nós não sabemos, o vosso professor sabe de certeza, que é, de certeza ou não, que é como é que está direccionado o trabalho, não é? Saber quais são, porque, depende do que é que …

Prof. Vítor Oliveira – Não, eu na verdade, a minha resposta é um não…

Prof. Ana Santos – Ah, não sabes…

(risos)

Prof. Vítor Oliveira – Eu sei em que partes é que é dividido o cérebro, em dois hemisférios…

Prof. Ana Santos – Não é aqui, eu estou-te a dizer é no trabalho deles.

Prof. Vítor Oliveira – Ah…

Prof. António Sousa – Em que contexto é que se insere a questão…

Prof. Ana Santos – Em que contexto, é isso…

Prof. Vítor Oliveira – Eu penso que o contexto é um pouco em geral.

Prof. Ana Santos – Ou seja, qual é o objectivo …, em que parte é que vão trabalhar estas divisões, se é importante saberem os lobos e o que é que eles comandam, é isso …

Prof. Vítor Oliveira – Eu acho que também será importante, para fazer a relação com a mente…

Prof. António Sousa – Eu acho que ele falou bem, o córtex cerebral é a parte mais importante, porque de facto é o que melhor nos distingue das outras espécies.

Prof. Vítor Oliveira – Eu acho o cérebro, realmente muito interessante, exactamente devido àquilo que se encontra no córtex que são ligações entre os vários neurónios, entre os vários, aliás, entre os vários bilhões de neurónios. E o número de neurónios é impressionante e se formos a ver o número de ligações que existem entre eles, mais impressionante ainda é e, por isso, compreende-se como seja tão complexo este tema. Por isso, admirei-me quando o grupo escolheu este tema, porque o funcionamento do cérebro é realmente algo que ainda nós não sabemos quase nada, não é? Principalmente em termos de, quer dizer já temos alguma coisa em termos de relação entre …

Prof. Ana Santos – A parte fisiológica o que é que comanda, onde, e…

Prof. Vítor Oliveira – Exactamente, era o que eu ía dizer. Agora em termos de pensamento, por exemplo, em termos de mecanismos de pensamento, a memória, …

Prof. Ana Santos – Sabe-se tão pouco.

Prof. Vítor Oliveira – Ainda, não é.

Prof. António Sousa – Pois, já se conseguiram chegar a algumas zonas responsáveis por determinadas funções, não é, e tem-se avançado, agora continua a ser um verdadeiro mistério. E, portanto vocês estão a contribuir para o colectivizar um pouco. Mas, eu concordo com o vosso professor, o córtex, não é, cerebral pelas funções que lhes estão associadas, não é …

Prof. Ana Santos – O que é que vocês já pesquisaram sobre isso …

Ana Meirinhos – Nós já percebemos que o cérebro está dividido em dois hemisférios, direito, esquerdo, cada um está dividido em quatro lobos, parietais, occipitais, frontais e temporais e cada um está direccionado para uma determinada função.

Soraia Carvalho – Agora estamos a descobrir o que é que cada um desempenha.

Inês Sousa – Mas, nós ainda não aprofundámos bem. Dividimos as tarefas e agora cada um está a pesquisar.

Prof. Ana Santos – Mas, quando acabarem o trabalho pretendem caracterizar cada parte…

Grupo – Sim.

Prof. Vítor Oliveira – E será que depois de saberem qual a função de cada um dos lobos isso vai ajudar a responder as perguntas que vêem a seguir, ou seja, a relação entre o cérebro e a mente ou será que não?

Inês Sousa – Nós esperamos que sim, não é?

Soraia Carvalho – Estamos a trabalhar para isso.

Prof. Vítor Oliveira – Vocês acham que a mente terá mais a ver com algum dos lobos do cérebro?

(risos)

Prof. António Sousa – Está a fazer perguntas muito difíceis…

Prof. Vítor Oliveira – Aquilo que se nota é que eu também não sei a resposta a esta pergunta.

Inês Sousa – Pois, nós também não…

Soraia Carvalho - … também não, vamos tentar descobrir.

Prof. António Sousa – Claro. Pronto, mas, não sei se respondemos, respondemos?

Grupo – Mais ou menos… sim.

Prof. António Sousa – Mais ou menos.

Ana Meirinhos – Disseram que o córtex cerebral é o mais importante.

Prof. António Sousa – Embora, pronto o cérebro funciona como um todo, que…não é? há uma inter-relação entre todas as áreas, nós sabemos por exemplo os occipitais são responsáveis pela visão pelo que tem que haver de facto uma coordenação entre toda a actividade cerebral para que nós vejamos mas não nos fiquemos por aí, não é? Percebamos também aquilo que vemos que é o mais importante, do que ver. Vermos um bom prato sem o podermos provar não adianta muito, é bom ver mas perceber o que se vê através de um significado.

Prof. Vítor Oliveira – E entra a memória mais uma vez em acção.

Prof. António Sousa – Pois, a memória…está tudo ligado, o cérebro é um todo e vale como um todo, se perdermos a memória o que é que é feito de nós?

Prof. Vítor Oliveira – Por vezes ver um bom prato já é um prazer se uma pessoa se lembrar de qual é o sabor daquele prato.

Prof. António Sousa – Mas pode ser um verdadeiro sofrimento…

Prof. Vítor Oliveira – Também…

(risos)

Prof. António Sousa – … e não lhe poder tocar.

Prof. Vítor Oliveira – é um prazer quando o prato está a chegar à mesa, pronto.

Prof. Ana Santos – Vocês não falam de comida por causa da hora? … Só pode.

(risos)

Tomás Gonçalves – No nosso dia-a-dia, é frequente utilizarmos palavras relacionadas com a mente, como, por exemplo, mentalmente, demente, … Mas será que já nos questionámos sobre o que é realmente a mente? Gostaríamos de saber se já pensaram nisso e a que conclusões chegaram.

Prof. António Sousa – Não sei se me questionei ou me obrigaram a questionar…

Prof. Ana Santos – Pois, a mim já me obrigaram a questionar já tive psicologia alguma vez na vida.

Prof. António Sousa – Vocês falam aqui de alguns conceitos que lhe estão associados, o mentalmente, demente. Mentalmente reporta-se às capacidades mentais como a inteligência, a aprendizagem, a memória, as emoções, são processos da mente que têm uma base cerebral, porque a mente, embora não tenha consistência física, é algo ideal e precisa de algo que lhe dê consistência e isso vem do cérebro. É o cérebro que origina a mente. Demente associa-se aos problemas que a mente tem, embora num conceito geral classificamos como um comportamento que apenas foge aquilo que está convencionado pela sociedade que é demente, que faliu em termos morais e não propriamente quanto às capacidades mentais.

Prof. Vítor Oliveira – Eu posso dizer que saber o que é a mente sempre foi um assunto que considerei como sendo curioso, mas nunca tive oportunidade de encontrar alguém que me explicasse um pouco melhor e também nunca cheguei a ler nenhum livro específico sobre o assunto. Mas não há dúvidas que é um assunto interessante. Ultimamente, é claro, tenho pensado um pouco mais sobre isso graças ao vosso grupo, tenho pensado e tenho consolidado um pouco mais as minhas opiniões. Mas não sei se vocês querem já que fale da relação entre o cérebro e a mente.

Joana Gregório – Sim, isso é a pergunta seguinte, de que modo a mente está relacionada com o cérebro?

Prof. Vítor Oliveira – Olhem na minha opinião a relação entre a mente e o cérebro parece-me ser uma relação total. São a mesma coisa com a diferença de que o cérebro será o suporte físico da mente, o cérebro é constituído essencialmente pelos neurónios e por aquilo que acontece nos neurónios. E o que é que acontece nos neurónios são reacções químicas, são mecanismos eléctricos e quando se fala de reacções químicas temos de lembrar dos neurotransmissores. Esse conjunto complexo de reacções e de passagem de informação de um lado para o outro, acho que isso é que faz com que nós tenhamos certas acções, certos comportamentos, pensamentos, emoções, afectos, isso é aquilo que se vê.

Prof. Ana Santos – Sim, mas isso já está na mente.

Prof. Vítor Oliveira – Pois, exactamente, isso já está na mente mas na minha opinião, isso tudo é o resultado das acções dos neurónios e por isso é que acho que a relação seja total. Agora talvez a relação seja ainda mais complexa do que aquilo que se pensa, por enquanto, talvez o efeito físico do cérebro dê origem a algo para além daquilo que é visível, para além dos comportamentos que são perceptíveis. Eu acho que a actividade cerebral é capaz de dar origens a coisas muito interessantes, talvez a energias pouco conhecidas. Há uma ciência, ou pelo menos muita gente considera como sendo uma ciência, que é a parapsicologia e é a parapsicologia que exactamente trata disso. Por exemplo, a Telequinese, a capacidade que certas pessoas têm de movimentar certos objectos sem tocar neles. Costuma-se dizer que quem é capaz de fazer isso, se é que alguém é capaz de fazer isso, fá-lo com, devido à capacidade da sua mente. Como é que isso será possível? Estamos a falar aqui de energias, quando nós estendermos o braço para levantar uma garrafa, estamos a falar aqui de transformação de energia, energia mecânica. Quem sabe se a actividade cerebral, se a actividade dos neurónios, se aquelas correntes eléctricas que passam entre os neurónios, se não dá origem a outro tipo de energia que será capaz de fazer coisas que normalmente não estamos habituados a ver.”

Tomás Gonçalves – Agora só aqui um aparte se o professor quiser comprar a revista “Visão”, a “Visão” trás um artigo em que se pensa que a CIA treinava pessoas para poder matar com a mente.

Prof. Vítor Oliveira – Li que na antiga União Soviética havia um grupo de investigadores dessa área e que era subsidiada pelo estado. Objectivos militares talvez, mas se gastaram tanto dinheiro nisso é porque deve haver alguma coisa.

Prof. António Sousa - É difícil de acreditar.

Prof. Ana Santos - Daí o chamado olhar laser que nos deixam intimidados, se a mente for uma representação de um mundo que nos rodeia então ela tem que estar relacionada inteiramente com o cérebro. O cérebro vai reagir aos estímulos e então as coisas estão todas relacionadas. Estimulo resposta.

Prof. António Sousa - Relação directa entre o cérebro e a mente mas também no sentido inverso. Quanto mais trabalharmos as capacidades mentais, mais contribuímos para o desenvolvimento do cérebro.

Prof. Ana Santos - Somos sensíveis a outros estímulos que antes também não poderíamos não estar.

Prof. António Sousa - Na infância somos mais sensíveis quando temos experiências pobres o desenvolvimento físico do cérebro fica pobre.

Prof. Ana Santos - Existem pessoas que não estão disponíveis para certos estímulos.

Prof. António Sousa - Para viver as emoções, existe pessoas com outra qualidade de vida à que estamos habituados. Inter relação do cérebro influencia a mente na medida que é a sua condição mas a própria mente à medida que é actualizada nos seus processos contribui directamente para aquilo que é o nosso cérebro.

Prof. Ana Santos - Por exemplo nos regimes totalitários, alguns defendem que não se deve exercitar demasiado a mente para depois não ter pessoas conscientes que possam exigir mais do que aquilo que gostavam de ter, conseguem controlar melhor as pessoas.”

Prof. Vítor Oliveira – Quanto mais  …….. for a mente mais fácil é lavá-la.

Prof. Ana Santos - Não questionam, podem viver muito mal mas é a vida.

Prof. António Sousa - Formular questões é preciso saber.

Prof. Vítor Oliveira – Revistas com artigos mais simples, que fazem pensar mais, fazem com que os neurónios se interliguem mais uns com os outros e o número de interligações entre os neurónios que vêm do cérebro é que fazem a diferença. Uma pessoa inteligente ou menos inteligente qual é a diferença? Antigamente pensava-se que era do tamanho do cérebro agora não, sabe-se que é o número de ligações que há entre os neurónios.

Prof. Ana Santos - Antes dizia-se que o cérebro do homem era um bocadinho maior então, eram mais inteligentes, mas não, e só têm tamanho porque às vezes não têm as conexões que devem ter. Portanto nem todos são inteligentes como as mulheres. Se formos a ver, em termos de desenvolvimento, os homens pela genética têm um maior desenvolvimento.

De que modo é que as diversas funções que o nosso cérebro desempenha estão relacionadas com as nossas atitudes e comportamentos? E a mente?

Prof. António Sousa - Aqui, as diversas funções, não sei, as diversas funções mentais, não é? No fundo a pergunta é qual as diversas funções mentais. São aquelas que estão relacionadas com as nossas atitudes e os nossos comportamentos, não é assim? Não estão sempre, que as vezes não sabemos o que fazemos, mas na normalidade das vezes há uma relação directa entre as duas coisas

Prof. Ana Santos - Ás vezes também podemos ir para o campo das reacções indutivas e emocionais, não é?

Prof. António Sousa - Sim mas como o nosso cérebro controla quero um dos processos quer outro.

Prof. Ana Santos - Pois claro.

Prof. António Sousa - Comportamentos que decorrem dele estão directamente relacionados com ele, mas nós sabemos que há comportamentos meramente fisiológicos, não é? São reactivos, como aqueles que são controlados pela espinal medula e não há actividade cerebral, porque as respostas são mais rápidas para nos protegerem das agressões do meio e além disso de facto também muitas vezes os nossos comportamentos não estão de acordo com as nossas atitudes, porque as atitudes inferiores e não se vêem, os comportamentos é aquilo que se vê, aquilo que o outro reconhece, aquilo que nós fazemos e às vezes não há uma relação directa entre as duas coisas. Às vezes damos connosco a contrariar o que pretendemos, as atitudes que temos e ai entram no estado de consonância.

Prof. Vítor OliveiraEu quando vejo esta pergunta, chama-me a atenção a relação entre três palavras: funções do cérebro, atitudes e comportamentos. Eu penso assim, as funções do cérebro são iguais para todas as pessoas e mas cada uma das pessoas é que as utilizam como as pretendem.

Prof. Ana Santos - Podem não estar no mesmo grau, mas tendo em conta o factor fisiológico.

Prof. Vítor OliveiraAgora as atitudes e os valores de cada pessoa é que variam muito e eu pergunto, porquê que há estas diferenças todas? Se afinal a parte cerebral é igual para todos.

Prof. Ana Santos -  No contexto, no mundo que nos convêm

Prof. António Sousa - Nas vivências, no factor externo, na sociedade em que estamos. Com que faz que não sejamos apenas uma ideologia.

Prof. Ana Santos -  Eu as vezes quando vejo contextos completamente diferentes do mundo ocidental, e quando nós sobretudo condenamos esses outros contextos, penso que qualquer um de nós seria igual aos outros todos que vivem nesses contextos. Que lá estivesse-mos, desde que, não é?

Prof. Vítor Oliveira Não sei, acho que mesmo nessas condições, não seriamos iguais.

Prof. António Sousa -  Não seriam iguais mas sim mais semelhantes.

Prof. Ana Santos - Iguais no sentido de semelhantes, quer dizer tu estas no Islão, no mundo da tua cultura, olhas para eles e não os consegues compreender. Se tu fosses lá nascido e criado, naquela matriz, com certeza serias muito mais parecido com eles do que com o ocidental.

Prof. Vítor OliveiraIsso a carga genética também tem um papel…

Prof. Ana Santos - Custa-me a acreditar, eu acho que as vezes condenamos coisas que as vezes as pessoas não têm culpa de terem nascido onde nasceram, não é?

Prof. António Sousa - Claro, é verdade, e quanto mais tradicionalistas forem as sociedades mais apreciam aquilo que estas a dizer.

Prof. Ana Santos - Eu vejo barcos cheios de gente que vem de África para a Europa para terem uma vida melhor e é assim depois toda a gente condena. Eu penso: Então mas qualquer um de nós, se estivesse lá ia fazer o mesmo. Então isto está dentro do quê? Dentro das funções? Dentro do comportamento?

Prof. António Sousa - É também para nós perceber-mos que as atitudes e os comportamentos são muito mais a ver com o meio, região…

Prof. Ana Santos - Se nós ligarmos as nossas conexões, teríamos o mesmo tipo de funcionamento?

Prof. Vítor OliveiraÉ a tal coisa, será que as pessoas com diferentes atitudes e comportamentos, se pudesse-mos analisar em pormenor o cérebro, encontraríamos diferenças? E essas diferenças teriam relação com as diferenças dos comportamentos? Será que aquilo que é apenas comportamentos é reflexo do que é físico do cérebro? Por enquanto acho que não, mas aos poucos se vão descobrindo coisas muito interessantes em relação a isto.

Prof. António Sousa - Então o problema da liberdade estava condenado, ou seja, teríamos reconhecer que não seriamos livres. Assim iríamos libertar aqueles que se comportam de maneira desviante e acho que aqui os factores culturais são servidos para moldar os nossos comportamentos, se tivermos o que é moldado biologicamente a funcionar normal… Portanto acho que os factores sociais, culturais acabam por ser mais importantes que explicar esta diversidade…

Prof. Ana Santos - Porque desde que estamos no ventre da mãe somos sensíveis aos diversos estímulos, logo, depois os primeiros tempos são fundamentais e eu imagino esses primeiros tempos e eu as vezes comparo os cuidados todos que temos com os nossos bebés, desde que a mãe, não é preciso que esteja um estatuto muito elevado, aqui na nossa sociedade, a maioria das pessoas desde que sabe que está grávida tem muito cuidado com tudo ali, mas imagino nesses países em que as condições são mesmo más ou muito más, que cuidados têm desde a concepção? Nenhum, e isto tudo é uma avalanche. Agora, será que também poderia haver o reverso? Que é tentar que quando uma pessoa muda completamente de contexto, mas não pode porque tem lá tudo gravado, pode mudar em parte …

Prof. Vítor OliveiraHá pessoas que mudam mais facilmente que outras… Nós já nascemos diferentes independentemente do meio.

Prof. António Sousa - Cá está a carga genética.

Prof. Ana Santos - Eu concordo, que somos diferentes, mas também há os factores do meio é muito influenciado, e tu tens os exemplos dos gémeos verdadeiros, um fica aqui e outro vai para outro sítio (Islão), e depois eles são pessoas completamente distintas e a carga genética está lá, um até pode crescer mais do que outro, ou seja, se crescem juntos fisicamente ficam mais parecidos e se tiver longe ficam diferentes.



Prof. António Sousa - Mas se nós virmos bem, somos todos muito diferentes uns e ao mesmo tempo muito parecidos, não é?



 

Até que ponto, a mente humana é resultado das nossas vivências ou da influência do nosso cérebro?

Prof. Ana Santos - Já respondemos

Prof. António Sousa - É extremamente complicado responder.

Prof. Ana Santos - Pois, não podemos fazer experiencias por um lado ou por outro, fazer uma barreira? Não dá, não podemos viver sem a mente nem o cérebro, pois tem uma relação total completa.

Prof. Vítor OliveiraA minha opinião é a mesma coisa, mas um é a parte física e outra a abstracta

Prof. Ana Santos - Vocês tem encontrado muitas coisas actuais?

Ana Meirinhos - Encontramos até muita informação, mas temos que escolher bem, há diversas coisas que variam.

Prof. António Sousa - António Damásio, que já vos falei na aula, ele interessa se por este assunto.



Tomás Gonçalves -  importante é o equilíbrio, Pilates dizia que: se nos pensarmos que estamos em equilíbrio ficamos em equilíbrio, ou seja, tudo está relacionado com a mente.



Soraia Carvalho -  Acho que a entrevista foi muito boa e agrademos-vos por esta mesma entrevista, vai ser útil para o nosso trabalho.

 

Professores também agradecem